quinta-feira, 28 de julho de 2011

Capítulo 16

TExto sem revisão.

Assim é, como é. A noite avançava pelas horas da madrugada e gente cada vez mais agitada entrava e saída de algumas casas. Capitão Serere veio em busca de notícias de Severino. Em diálogo com Darci dizia:
  • Meu caro, acho que já sabe por que estou aqui. Notícia ruim corre demasiadamente rápido, e como me sinto no dever de tentar apaziguar as famílias me disponho a interferir e não permitir que abuso nenhum seja tomado por parte de quem quer que seja.
  • Muito bem Capitão, tenha a certeza da minha total cooperação. Eu, melhor do que ninguém sei dos riscos que Severino está correndo. Não quero o pior. Quero também a mansidão da situação.
  • Pois bem, já falei com outros três cabras de minha confiança que já estão em vigília pelas casas de sua família e de Deorani.
  • Deorani? Vixit... Mas pensei que fosse...
  • Pensou? Veja bem, o critério é mais do que certo. Quem mais pode ser?
  • Bem, pensando assim, acho que deve ser certo mesmo, mas estava crente de bom agouro que Deucídio fosse mais indicado.
  • Nossa, é mesmo. Até esqueci. Mas para isso está mais do que fácil. Deucídio tem caminho certo para vilarejo. Se entrar e atravessar para trilha do Penhasco da Morte, não tem como não passar por povoado. Já está pego se for o safado.
  • Meu Deus desse mundão de Santa Clara. Será que isso vai mesmo acontecer?
  • Com certeza tanta, de que isso é mesmo o mais certo de se fazer, que estou fazendo.
Viram agora o que estava por acontecer. E Ken estava mais estimulado ainda do que nunca e aproveitava para fazer explanação de como era o povo.
  • Honorável amigo que mais prefere o branco da camisa a botões dourados. Nunca vi de verdade, mas em terra de onde vim contam que na planície de Qin Chuan, existem coisas que não foram feitas pelo homem. Engraçado dizer isso, se até hoje apenas homens vejo construir coisas. Mas, conta à lenda de que gente vinda de estrelas distantes construíram mais de cem pirâmides. Essa gente seria os antigos imperadores que segundo antigos manuscritos se diziam descendentes dos “filhos do céu", que estrondosamente desceram a esse planeta em seus dragões de metal ardente. Isso é o que dizem no centro da China, morrotes e mais morrotes a perder de vista. Mas está lá, jogada a própria sorte. E não tem homem que possa escavar ou estudar o que lá existe. Governo diz não poder. Ser de interesse apenas da história passada da China e pronto. Assim é o povo, basta uma notícia qualquer para de fato virar história mais do que mal acabada. E digo isso para ressaltar que antes desse polvorinho todo, houve sim outro fato ainda mais interessante sobre a opinião do povo. Cidade, meu bom amigo, era levada a vela e óleo, que gentilmente a família de Severino e Darci traziam de longa distância e doavam para o povo queimar virando luzes para seus casebres. De benefício em benefício, tinham a admiração de todos. Acontece que quando da enraizada deslocada de Cleomar em relação à lista das famílias em desastre de Nossa Senhora da Conceção, o povo se indignou de forma a querer satisfação tirar com Cleomar e com quem mais que fosse. Julgando o povo de imediato seus atos, achou por melhor por hora não enraivar Severino e família. Deles dependia o óleo da cidadela. Mas, dia de confusão, morreu touro de procriação de Darci que de gado gostava muito. Não se sabe de que. Ao certo, de morte morrida mesmo. O povo, assim não entendeu, e comentava-se pelos cantos do território todo que alguém em desespero de causa, e querendo de intimação amedrontar a família, tirou a vida do animal por vingança de seu nome estar em lista falsa de Cleomar. Veja só, caro escrevedor de caneta em punho, o povo é mesmo bem interessante. Acontece também que todo carregamento de óleo para a fazenda vinha de longa distância e de dia marcado. E justo no dia de entrega de óleo, atrasou por ser de carro de boi e bois estarem muito cansado, precisavam parar para beber e dormir, se bem que esse bicho de certo que não tem muita necessidade disso. Com a reserva de óleo a mingua, cidadela quase ficou toda na escuridão. Diziam os entendidos de que isso era uma represaria de Severino em contra partida da reação do povo na questão da lista de Cleomar. Era para todos sentirem a mão de ferro e pesada de Darci. Que nada. Tudo boataria. Mas o povo era assim mesmo. A família nem soube de tal boato, e preocupada com óleo de carro de boi que não chegava, mandou mensageiro em riba de cavalo quase que alado para ver se trazia notícias favoráveis a respeito de assunto de tanta importância. Depois de algum tempo, com a calmaria do povo, chegou o óleo e Severino e Darci são de novo endeusados. Assim é o povo. Faz suas próprias histórias, conforme lhe convém. E quando alguém de suposto respeito chega a trazer notícia, verdadeira ou não, povo toma como verdade e luta se preciso for pela honra suposta de notícia criada a bem da verdade ou da mentira. Depende de quem cria honorável amigo. Por isso tem na sua mão uma grande tarefa de empenhar essa história de forma certa. Não precisa ser certa, mas de modo verdadeiro. Alias, hihihi... Verdade e certeza são a mesma coisa?
Ken tinha muita segurança na caneta que eu carregava. Sabia por certo que meu estilo era certeiro, mas sabia também, que como todo bom terreno dormente, não conseguiria manter o mesmo dialeto por toda a narrativa. Era deverás interessante e longa a história para se manter toda uma mesma linha. E acredito, que essa era mesmo a sua intenção. De hora em tempo, cada vez, falava de jeito diferente. Hora para confundir meus pensamentos já sem imagem alguma, ora para esclarecer fatos que ainda não compreendia. Esse era Ken. Podia e fazia. Contava sempre estar atento a tudo, em todos os lugares. Mas como poderia ser isso? E nessa noite mais do que alucinante, de vento em pé de morro soprando como vendaval desmerecido, a manhã não tardava a iniciar seu cintilante ondular de luzes. Essas por sua vez, espalmadas e comprimidas por nuvens carregadas pelo vento forte que jurava trazer tempestade. Justo agora. Tanto tempo de seca, e nesse dia em especial, temporal armava pela encosta?
Severino de equipamento costumeiro em punho, saiu de sua residência, como sempre fazia, bem cedinho. Rumava finalmente em direção do esperado e do que mais sempre fazia. Nada notou na saída da cidadela. Andando pela trilha do norte, seguia de passo firme com lindo lenço rosa em volta do pescoço, que de hora em hora, usava para tirar o suor da testa. Mesmo de dia feio, abafado estava. E prometia. Passou pela entrada do Penhasco da Morte nada notando. Deorani estava a sua espera. Deu alguns minutos e saiu em sua empreita. Darci e Capitão avistaram ao longe Deorani amoitado. Esperaram e seguiram Deorani. Mais atrás vinha Deucídio que por sua vez avistou Darci e tratou de seguí-los também, meio de longe. Os capangas do Capitão estavam bem nos calcanhares de deucídio. Mas não tinham como avisar. Tinham que seguir de rumo certo em busca de momento oportuno para tentar dar a volta e avisar o Capitão.
Dia escuro. Nuvens, vento e tempestade formando. Esse era o quadro que parecia estar de certo acontecendo. 

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terça-feira, 26 de julho de 2011

Capítulo 15

TExto não revisado.


Na madrugada do dia da perseguição implacável de quase toda uma cidade em busca de roteiro desconhecido de Severino, já se podia apreciar um certo movimento em algumas casas da redondeza de Brejo Seco. Quase toda família, tinha pelo menos um parente com essa idéia.
Severino saiu como sempre. Desta vez, apenas parecendo só. De muito, Cleomar e Ceres já estavam na mata, por baixo do penhasco aguardando o momento em que Severino iria passar.
Deorani postou-se mais além do penhasco da morte, jogando com a sorte para de certo esperar por Severino.
Darci foi atrás, e muita gente atrás de Darci. "Eta confusão arretada que estava para desenrolar".
Só faltava Santo Padre. Mas esse de bem longe se encontrava a salvo, em busca de explicação para fato inesperado que foi a tragédia da festa.
Cleomar, nervoso que estava, não parava de falar:
  • Ceres, ainda bem que resolveu comigo participar nessa empreita de Deus. Agora percebo o que estamos de verdade fazendo. Sabe o que é de melhor? Aqui posso até cozinhar água que dá certo. De tanta fé que tenho em nosso destino posso cozinhar água até ela virar um empelo. Posso mesmo. Minha fé pode tudo. Inclusive se quiser, providencio gelo, isso mesmo, para de resto fazer um empanado que você nunca pôde provar por falta de fervor em coração já dormido. Frito cubos empanados em banha de porco fervente, depois dou para você provar. Vai ver que tem gosto de gelo, e mesmo em cozimento acelerado, não vai desmanchar nunca. Essa é a minha fé gente tola.
  • Cleomar, santo Deus, cale a boca. Não vê que mesmo tendo toda essa fé que admiro, se fizer barulho demais vai dedurar nosso embuste? Aqui em mata fechada, qualquer som diferente pode ser percebido por ouvido não muito treinado. Quer dar de baixa em todo sacrifício já feito? Cale-se. Por Deus, cale-se.
Antes dessa mobilização da população no encalço de Severino, aconteceram alguns fatos que valem a pena serem descritos, conforme o próprio Ken afirmava.
  • Honorável amigo de calças. Às vezes digo, não sou eu que estou pego na caneta, por isso presta bem a atenção no que descrevo de coração aberto para essa história não ser perdida de interesse e nem de coerência. O caso é que Cleomar e Ceres precisavam de uma distração, para a sua perseguição. Sabiam muito bem, que ninguém na vila se atreveria a fazer tal coisa. Muito pelo contrário. Resolvendo de bom agrado dar uma ajudinha para que interesse fosse despertado de maneira a fazer com que todos ficassem cobiçados pelo caminho da Santa. Uma distração era o que pretendiam. E de certo modo conseguiram. Tinham agora todo o tempo do mundo para se colocarem melhor, enquanto, gente da vila, com barulho, sempre fazendo muito, encobriam os seus próprios e a certeza de não serem descobertos por Severino era mais forte ainda. Acontece que dia anterior à caçada, Cleomar armou mais uma das suas. E desta vez com o amparo de Ceres. Essa dupla muito dinâmica mesmo. Hihihihihi... Até parece que vai dar certo desta vez, mas pior que pela primeira vez, parece que deu mesmo. Ceres foi até a casa de Deucídio em noite anterior dar o seguinte recado:
  • Deorani mandou dizer que você não está muito certo do que diz. Onde já se viu isso. Cleomar inventa um monte a respeito de cabra arretado e nada acontece. Eu vou ao encalce de Severino. E se não tem coragem para desfazer mal entendido, só mesmo enfiando a cabeça no meio das pernas. Se for de honra, cruze a linha da verdade e de esguio pega Severino com a boca na botija. Esse sim foi quem inventou toda história e fez com que Cleomar desse esse furo com a família de homem de bem. Vai deixar Severino assim? Desmascarar Severino é sua chance de vida certa e honra lavada daqui para sempre.
  • Por sua vez, Cleomar seguiu rumo a casa de Deorani levando recado inventado de Severino:
  • Deorani! Já conhece pessoa de Severino e sabe muito bem que não é de brincadeira. Justamente estou aqui para isso. Avisar você que a cada dia esta pior para você. Agora Severino esta dizendo que se pega alguém em seu encalce durante madrugada de dia de caminhada, mata. Não quer ninguém de pé atrás. Ainda indagou com sua grossa voz, quando alertado pelo perigo de sua pessoa armar embuste na certeza de vingança, que se tem alguém que foge de medo de terra distante e cheio de rumores é vós.
  • Na mesma noite Ceres ainda passou em casa de Darci e em particular falou:
  • Darci Sebastião, pessoa de semblante dourado. Aqui fica meu atento, pois gosto de família embora saiba que não é recíproco. Mas, de ordem que tenho com a natureza, não posso deixar de interferir, quando o assunto é mais que sério, e ainda por mais saber que vida de Cleomar, grande pessoa que sempre me auxilia, corre perigo por tabela. Explico que se Severino, quem mais protege Cleomar for de forma letal subsidiada, não resta dúvida que próximo com certeza será Cleomar. Não tendo recursos para impedir tal fato que corre pela cidade esta noite, que tenho escutado atrás de muro, venho até pessoa de estima incomparável fazer solicitação de que se aproxime de Severino pelo menos esta vez, e de cobertura de gente que pode querer vingança. Esse é meu pedido. Se interessar salvar família de mal certeiro, melhor agir antes de amanhecer para segurança de pessoas amadas da família não entrar em risco.
  • Cleomar segue a casa do Capitão, Serere para dar seu recado também.
  • Caro Capitão! Sabe muito bem que a muito, família minha corre por estar sempre na boca de provocação de Deorani. Sabes o que tem de melhor agora? Escutei boato em casa no vilarejo de fora, de que tal pessoa jurou vingança pelas entradas de Severino e que o iria arretar pé em dia de caminhada, para trajeto de urubu rei no dia sete. Dessa forma, Severino ajuntado de ódio certeiro, vai hoje em noite de lua clara calar para sempre Deorani. Não quer mais correr risco de vida incerta. O problema, diz ele, vai ser resolvido a sua moda, e como todo mundo sabe que vai para a mata nesse dia, de certo ha de ser um bom álibi também. Justo, assim peço, faça algo para que não aconteça nada com Severino. Julgue certa a verdade que lhe conto e siga em busca de Darci que já está em estado de desespero, querendo se meter em história à custa de nada. Vai que acertam de uma só vez a família quase que toda. Faz algo pela paz de Santa Conceição.
  • E assim, caro honorável amigo de cabelos curtos, a confusão só estava por começar. Um vai e vem a noite inteira mobilizava a cidadela embusteada na mata. Luzes acendiam e apagavam. De certo, ninguém dormia na noite de derradeiro espanto.

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quinta-feira, 21 de julho de 2011

Capítulo 14-a

Texto sem revisão.

Cleomar na praça em um banco em conversa nada amistosa com Ceres:
  • Escuta Ceres. Só mais esta vez. Será que dá para você pelo menos entender, ou tentar descobrir o que de fato quero dizer de verdade? Presta atenção pessoa que vive a vagabundear Até quando vai querer ficar ai a tomar chuva de vez em nunca para poder se banhar? Tem esperança de um dia conhecer o verdadeiro lado que te trouxe aqui? Acha que é certo fugir de si? Responde pessoa que anda em trapo e suja. Quer mesmo voltar de maneira a nada ter para relatar? Fracasso te espera?
  • Cleomar, santa criatura de Deus, escuta enquanto ainda tenho forças para poder falar. Espera, olha a sua volta, vê que não tem ninguém consigo? Nem conosco? Estamos sós. Sem esperança de regresso a Santa trilha. Santo Padre já até afugentou sua fé de vilarejo, por saber que não vale a pena. Tempo todo perdido Cleomar, tempo todo...
  • Perdido para você, que tem idéia de gente fraca em pensamento sem esperança. Bem me lembro que chegou aqui, querendo encontrar o Paraíso, e para isso, no começo não media esforço. Agora vive de favor, como sempre viveu aqui, e espera a morte te levar para o inferno que vai ser seu lugar se não encontrar o que procura. Assim como eu. E não quero inferno como eternidade de dissolução de meus problemas. Quero antes de qualquer coisa, a vitória de ser Cleomar finalmente.
  • Não, não dá mais e estou de partida para retorno de meu destino. Sem promessa cumprida, sem esperança de vida. Não dá mais, não dá...
  • Desilusão? Tenta pela última vez, eu peço. Quem sabe se agora não dá? Já que esta sem retorno certo. Vai voltar para onde se me permite perguntar?
  • Volto, não sei. Sem rumo. Não tenho nada mesmo. O que importa?
  • Você criatura. Tanto faz morrer agora na estrada como na mata. Quem vai sentir a diferença? Mas, se encontrar o paraíso, é outra coisa, outra pessoa.
  • Nada disso Cleomar, se encontro não volto, e se saio para procurar e não encontro, também não volto enquanto não acho. Por isso, se for, vou só. E agora sem volta. Por isso, rezo todo tempo para não ir. Sei que não acho. Apenas encontrarei o caminho da morte mais cedo.
  • Credo. Sai de arretado Satanás, e desencabresta desse corpo. Esse não é você Ceres. Tenha fé que a fé te leva ao caminho certo. Estou certo e sairei mesmo que só, e se não encontro, não volto também. Nada daqui mais me interessa. Apenas honrar meu nome e conseguir afirmar minha cabeça em Nossa Senhora da Conceição. Pensa um pouco mais. Amanhã retorno para resposta sua, que tenho certeza, será positiva. Disso eu sei. E temos que elaborar logo rota de esperneio pela mata, para que Severino não desconfie, tenho plano em minha cabeça de bom pensamento que merece atenção. Sei o que fazer. Aonde ir. Já implantei mapa na idéia de poder confirmar caminho de ida e de volta.
  • Cleomar, não extrapola. Seguir seus passos vai ser a morte, mas se quer morrer, morra sozinho. Tenho destino certo para mim, e minha morte me encontrará só, quando for à hora chegada.
Desse diálogo, nasce uma nova idéia que mais tarde verão qual é.
  • Honorável amigo. Tem agora uma certeza. Sabe que tem que relatar tudo isso bem direitinho, para não haver confusão de modo algum, de quem é Ken. Quando conhece pessoa de qualquer gênero sabe que às vezes se engana. Pois bem. Não colocando gênero em ninguém, dificilmente se engana a respeito de pessoa qualquer. Pois é, caro amigo, como peixe dourado em água parada. Roda e roda, e sempre sai do mesmo lado.
Ken sempre me alertava sobre isso. E disso fez a minha parte. Pois é, agora cabe a cada um saber de que lado quer que cada um esteja. Do seu, do meu. De quem quer que seja, tanto faz para cada um. A diferença, e isso aprendi com Ken, quem coloca sou eu mesmo e você.
E na história, Ceres estava balançando como vara de marmelo. Sábia que não tinha mais muito tempo para seguir rumo indeterminado atrás de Santo Éden. E Cleomar parecia ser sua última esperança de rumo em direção a sua conquista maior. Mas Cleomar? Que jeito. Quem mais haveria de suportar tal pessoa em direção a lugar algum? Só mesmo Cleomar. Um em busca do outro, por pura falta de opção. Dia seguinte de sol aberto, Cleomar volta a procura de Ceres:
  • E então? Já se pode dizer que a felicidade está em direção de quem a busca? Vai ficar mesmo a esmaecer ranhura em torno de idéia que não tem coragem para suportar?
  • Olha aqui Cleomar, se vem de longa distância para aporrinhar minhas idéias de deixar você mais uma vez me levar a desesperada empreitada, desiste. Eu é que dou as ordens para rumo não perder mais. Só assim aceito a empreitada e de trem garantido na mão partiremos antes do amanhecer de amanhã, que é dia de Severino encontrar sabe lá Deus o que. Dessa forma, teremos assegurado boa distância. E por baixo de penhasco vamos seguir em frente, para de novo enfrentar quem sabe nosso destino de sepulcro. Mas, se não tento, não vivo.
  • Graças Ceres, enfim estaremos de novo em busca de objetivo sagrado, e Santa Conceição ha de nos guiar pela mata de forma a rumo não perder mais. De espinho em espinho iremos arrancando cada gota de sangue de nosso corpo, para lavar a nossa alma. Essa peregrinação nos trará assim a glória que Santo Padre não conheceu por ser de fé não muito segura.
Severino Conceição de espera para a caminhada árdua de dia seguinte se preparava como sempre. Deorani por sua vez, pensava a mesma coisa que Ceres e Cleomar. Seguir Severino. Alias, a cidade toda parecia que estava com esse pensamento obscuro. Se Severino pega alguém no caminho, sei não. Até Darci estava preparando suas tralhas para dia seguinte, não antes como Cleomar, mas depois ir a seu encalço.
  • Honorável amigo de companhia agradável. Veja só que destino. De tão secreto, estava a ponto de ser mais público do que outra coisa. Se quiser que algo pareça realmente valer alguma coisa, coloque muita guarda em seu redor. Isso fará com que a atenção de muita gente seja despertada para um assunto. Se tiver guardião, tem muito valor, e todos querem. Se estiver aberto, bem a vista, de modo a ninguém enxergar, está mais bem guardado, do que se tem um exército em volta. Lembra disso, honorável amigo. Isso pode ser de muita valia para o desfecho dessa história.

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terça-feira, 19 de julho de 2011

Capítulo 14

Texto sem revisão.


Mais tumulto ainda pela cidade. Cercaram a casa onde se escondia e foi custoso acalmar ânimo da multidão.
Desolando-se, Cleomar pensava em uma forma de conquistar a atenção de todos, de maneira a ser mantido o respeito. Sua maior desilusão. Quanto mais fazia parecia mais se afundar.
Ken mais uma vez estava certo. Sabia de tudo mesmo. E contava:
  • Gente de bem, anda de bem, gente de mal, anda de mal. E você honorável amigo, como anda? Anda-se como gente de vila que resumo história aqui, anda mal. E dia sete estava chegando de novo. Dia de nova aventura na mata de Severino. E dessa vez, vai ver como a coisa vai acontecer diferente. Cleomar não quer deixar para trás o fato de Santo Padre ter dito que mentiras eram a da visão de Nossa Senhora da Conceição. Mais uma vez, Cleomar vai tentar seu miraculoso plano de seguir Severino mata adentro. Ah! Acha-se aquela caverna...
Voltando ao caso de Cleomar, devo dizer que era realmente atrapalhado. Tinha atos sinceros e puros. Mas até que ponto. O que sei é que se as pessoas que conviviam com Cleomar, se deixassem envolver em suas histórias, certamente entrariam em confusão. Ou pelo menos em uma ligeira confusão mental. Certa vez, Cleomar estava na sala da casa conversando com Severino Conceição. Junto mais algum amigo. Quem mais falava eram, Severino Conceição, Darci Sebastião. Cleomar estava atento as histórias comoventes. Mas para o espanto de todos, Cleomar levantou de uma cadeira junto à porta e se dirigiu para o meio da sala. Abriu um monólogo mais ou menos assim:
  • Amigos! Cá estou para dizer que corremos perigo. As coisas embora aparentemente estejam sob controle, existe uma grande reviravolta a acontecer. Disso eu sei, e dou crédito, pois somente eu posso desvencilhar as forças do mal e recuperar a integridade lógica de nossa família. O caso é que um monte deles está por querer sujar a todos. Fétidos e desordeiros. Não tem educação e se acham donos da situação. Mas eu sei como lidar com isso e estou preste a desmascará-los. Vou partir sem data de retorno na missão de restabelecer o controle central a um cérebro pensante e amigo. Por isso, não esperem por mim e deixem que o meu destino seja cumprido. Durante todos esses anos estive aqui, às vezes ridicularizado, eu sei, mas sem me abalar. Estou mais forte do que nunca. Nunca estive tão lúcido e estou a partir, sem regresso esperado. Adeus. A glória e a honra me aguardam.
Todos na sala se encontravam em estado de tremenda paralisia cerebral. Sem saber o que estava de certo acontecendo, apenas acompanharam com os olhos a saída de Cleomar em direção ao interior da casa. Viram quando no final de um corredor entrou no banheiro. Pensaram que ele estava se preparando para sua longa e penosa viagem. Mas que viagem poderia ser essa? Do que será que tal pessoa estava falando afinal? Cleomar ao sair do banheiro para o espanto de todos se dirigiu para a sala. Sentou-se de novo na mesma cadeira que antes se encontrava e iniciou um novo monólogo.
  • Tenho a declarar que hoje é um dia de extrema felicidade para mim. Em um ato de heroísmo sem precedentes acabo de eliminar as forças ocultas que estavam por derrubar a nossa família. Agiam pela retaguarda e de surpresa acabei com todos. Deveriam ser de alguma imprensa marrom. Sujos e fétidos estavam na boca do túnel número um prontos para dar um bote fatal. Mas com a minha inteligência coloquei todos para fora com uma única ação. Seres repugnantes. Lá estatelados dentro do vaso sanitário sem forças para moverem-se. Foi uma batalha dura. Mas acabei amolecendo a todos. Marrons idiotas. Mas não se renderam sem antes lançarem sobre minha pessoa um ataque com gases mortíferos. Mas de nada adiantou. E com uma grande explosão em um reservatório de água, acabei por derrotá-los e eliminá-los para sempre de meu caminho com uma enxurrada rio abaixo. Finalmente estamos livres da invasão dos repugnantes. Livres, livres, livres...
Assim era Cleomar. Na sala apenas olhavam para ele sem saber o que dizer.
Mas Cleomar admirava muito Severino. Tudo o que fazia, sempre mostrava. Inclusive uma carta redigida que estava endereçada para o Santo Padre solicitando uma audiência. O conteúdo ninguém até hoje sabe, pois ocorreu o seguinte. Cleomar chamou Severino para uma conversa amistosa. Contou sobre a carta, mas não revelou o seu conteúdo. E pedia para que fosse lida. Severino, meio sem jeito, pois sábia que teria que emitir uma opinião a respeito do assunto, e já conhecendo Cleomar como conhecia, sabia que teria que fazer um comentário não muito elogioso. Negava-se, dizendo que se a carta era para Santo Padre, era ele quem deveria ler primeiro e que isso seria violação de correspondência. Cleomar, pela recusa começou seu discurso agressivo.
  • Está pensando o que. Esta me desprezando por que? Desprezando minha carta? Esta pensando que aqui está escrito um monte de asneiras que não merecem a sua consideração? Arrogante, pedante. Acha-se pessoa tão boa assim? Que humilhação. Meu próprio sangue rejeitando uma simples opinião.
Severino sentindo-se sem jeito, resolveu ler a danada da carta. Mas em vão. Ao declarar finalmente sua intenção, Cleomar dizia:
  • Mas espera ai um pouco. Por que de tanto interesse assim? Xereta. Ta pensando que emburrei? Que não percebi qual é o seu jogo? Esta querendo ler a minha carta por acaso para plagiá-la? Não tem capacidade para fazer nada de bom, e quando alguém o faz, já quer tirar um proveito. Arrogante. Não vai ler não. Vai fuçar a sua vida e vê se deixa a minha em paz. Meu próprio sangue, quem diria.
Dessa forma, pessoa de Cleomar tinha mesmo que ficar de lado na casa. E isso era o que mais incomodava. Tinha que de alguma forma provar que não estava delirando. E tinha que provar isso com Ceres.

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quinta-feira, 14 de julho de 2011

Capítulo 13

Texto sem revisão, escrito no calor da notícia.


Esse discurso era quase o mesmo que Cleomar repetidas vezes pronunciou para muitos da cidade.
No bar, em frente à paróquia, que agora andava meio empoeirada, não parava de chegar gente abismada com fatos relatados por Cleomar. Pessoas de todo canto do povoado vinham para saber mais a respeito do que estava de verdade acontecendo.
A família de quem gerou tal idéia não se manifestava de forma alguma. Sabiam bem como era Cleomar, e não davam muita atenção a seus devaneios. Mas, a idéia era boa, pensava Darci Sebastião, e em conversa com Severino dizia:
  • Severino, essa idéia de Cleomar, acha que tem sentido?
  • Sei não, às vezes.
  • Mas pense bem. Santo Padre deu de fuga por omitir a verdade de Cleomar. O Povo anda meio engabelado pelo ocorrido, e parece estar voltando atrás e achando que Santo Padre tinha razão.
  • Sim, isso de verdade em punho eu afirmo também. Mas onde quer chegar com mais essa estrambólica história de Cleomar?
  • Severino! O dia e a noite entram e saem sem ninguém perguntar porque. O povo também é assim. Vai de um lado e cai de outro. Se tiver igreja e não tem padre para que serve? Mais cedo mais tarde, vai começar tudo de novo, e até chegar outro padre por essas bandas já vai ter se passado bom tempo. E até lá o que vamos fazer para controlar o povo? E se Deorani resolve tomar conta da situação?
  • Sabe Darci, bem pensado. Sem distração, povo é como gado com fome. Pode ter sede e pode ter fome, mas se tem para onde rumar, vai a quietude e aguarda com paciência a chegada da hora do matadouro. Mas, se rebanho fica confinado sem poder ser suprida a necessidade, revolta e estoura. Melhor andar de jeito certo e encontrar distração para vilarejo ter comentário e poder ser feliz, como sempre quis ser.
  • Severino! Acho melhor seguir Cleomar mais de perto e dar um empurrãozinho nele, para essa história vingar e fincar pé, e as moçoilas desarrumadas que se virem para explicar. Também fico querendo saber quem são as famílias embaraçadas de nossa vila.
Ken se divertia atento, e comentou:
  • Honorável amigo veja só no que vai dar quando se quer usar de manipulação uma doideira dessa. Acha que vai dar certo?
O povo na cidade andava aflito, parecendo em estado de sonolência à espera de algum desfeche. De algo, de qualquer coisa que fosse.
Com maior força para o comentário a cada dia, Severino e Darci deram um jeito de esquentar ainda mais as coisas, lançando listas falsas. O assunto na cidade de agora para frente era de se querer saber quem eram as mulheres horrendas. Cleomar, vendo tudo a seu modo, resolve dar notícias certas e contar quem são as famílias desordenadas de Conceção dos Altos. Reuniu multidão na praça e de papel em punho, lia um discurso moral:
  • ... Se bem sabem de como é a vida nesse lugar, sabem do que estou falando. Apressem-se a descobrir quem de verdade é odioso por natureza e rancor carrega consigo dentro de coração reprimido. As palavras a seguir tentam afugentar o demo da casa de muita gente e...
O povo atento não se manifestava. Escutava tudo caladinho. Mas, queria era mesmo saber da mais nova condição das famílias.
Cleomar continua:
  • ... Tonto que cheguei a esse ponto. Ter que divulgar nomes tão simbolicamente honrados de nossa cidade, para mim é desgosto certo. Mas preciso. Em nome de pequenos pés descalços que nem sabem ainda que é que acontece. Agora conto as famílias briguentas...
Lá vinha finalmente o nome de tanta gente em papel comprido, mas um pequeno detalhe estava por enganar a todos de maneira desconcertante.
Cleomar:
  • ... E também a família Crespo, que tem como varão Delcídio, que a tudo agüenta calado...
Nesse instante houve-se Deucídio ao fundo indagar:
  • A família Crespo? Quer dizer que eu não posso ver meu filho?
Cleomar:
  • Isso bem é verdade. Já viu ele alguma vez? Abraçou? Beijou? Sua mulher deixou? Diga-me que é mentira e rasgo tudo aqui mesmo e me recolho de redenção para um recanto sombrio pedindo perdão a Deus pelo meu engano.
Deucídio:
  • Oras Cleomar, nem tenho filhos ainda. O único que ainda vou ter é apenas projeto e está bem guardado dentro da barriga da minha mulher, e por falar nisso, ta pra nascer nesses dias.
Cleomar:
  • Então, ta vendo! É verdade, nunca viu filho nem filha, alias nem sabe do que se trata, e...
O povo desiludido vaia e começa a soltar palavras de ofensa a Cleomar, que não vê outra saída a não ser bater em retirada.

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terça-feira, 12 de julho de 2011

Capítulo 12

Texto sem revisão, escrito no calor da notícia.


O povo queria um milagre. Santo Padre sabia que nada daquilo era verdade. Não poderia concordar jamais, e a situação ficou totalmente inesperada. Um alvoroço em volta do palanque abominava qualquer um que falasse o contrario sobre o milagre. A confusão era tanta que a festa foi para os ares. Um corre corre se instalou por todo canto. Santo Padre já não tinha mais clima para ficar. Assustado, desacreditado, vendo brigas por toda parte, de gente que defendia o padre entre outros que o acusavam, resolveu sair da cidade por hora para não levantar mais tumulto.
E providencial foi sua retirada estratégica do palanque. Para a sacristia se dirigiu, e pela noite toda orou. Pela manhã, sem padre a cidade acordou. Com sujeira na rua, o que deram falta primeiro foi de Pliaco, o burrico da cidade que servia ao Padre santo.
Triste fim de quem só o bem queria. Mas Ken alertou sobre isso. Sabia muito bem o que iria acontecer. Lembra do bem e do mal?
Ken:
  • O padre estava do lado do bem. Isso pressupõe que existe o lado do mal. Enquanto se luta contra uma coisa ou outra, não se esta acima de nenhuma delas. A justiça. Isso sim está acima de tudo.


Fim da Primeira Parte



Passado o instante mágico da derrotada e confusa destruição da festança inacabada, Cleomar, cabisbaixo e desengonçado dava passo apertado em direção a rumo de casa. Pensativo que ficava. Não conseguia entender porque Santo Padre fazia aquilo com ele. Seria perseguição? Mas de homem de Deus? Então deveria ser coisa do diabo. “Eta bicho arretado” pensava. Inconformado com o desfecho, não soube direito o que pensar. Mas pensava.
Ken sem ser intrometido apenas olhava Cleomar com olhos de quem já sabia o que iria acontecer. Dizia-me:
  • Honorável amigo branco, que nem gosto de arroz de verdade conhece. Isso sim é comida saudável. E justamente por nem saber o gosto da certeza de alimentação tão nutritiva, é que nem vai entender o que está acontecendo. Arroz, digno amigo meu. Essa é a questão. E Ken já provou muito arroz e sabe o que está falando. O arroz que Deorani faz, aqui pelas bandas de Brejo Seco, como fala o povo, é um dos melhores. Mas longe de ser caminhado por nobres pés. Cleomar, sem nunca ter entendido e provado do arroz verdadeiro, nem sabe de nada. Confusão se instala na cabeça de tal pessoa. Chiiiii... Até honorável peixe dourado conhece sabor de divino prato. Por isso ele está atormentado. Não Cleomar, e sim venerável amigo das águas. Hihihihi... Pensei que ia confundir sua cabeça. Deixa-me explicar melhor, senão, como não conhece e nem nunca provou arroz fresco retirado de arrozal, não pode compreender a pequena e ingênua cabeça de Cleomar. Deve estar pensando o que mais importa agora. Nada, eu digo. Só a questão para Cleomar é importante. Para o resto, tanto faz. E a vida é assim. Se quiser ter um problema, pense nele, e ele acontece. Cleomar é assim. E ainda junta com Ceres, pode isso? Chiiii... Vai ter mais confusão pela frente. Adorável amigo escuta as palavras que estou lhe dizendo e perceberá que o fim ainda vai demorar um pouco para descobrir. Principalmente fato de que quem é Ken nessa história. Hiiii... Interessante. Se acredita acha que está de um lado. Se não acredita, está do outro lado. Se tiver lado tem oposição. E se tem oposição, não se esta acima de tudo. Está consumido. E Cleomar? Pobre pessoa distante de terras inóspitas. Vai encontrar seu caminho também, demora, mas vai. Também, pudera, vive pensando!
Com as palavras de Ken em meus pensamentos, segui escutando a atual história. E prestando muita atenção, pois sabia que teria que narrá-la para que todos tomassem conhecimento. Vejamos agora o que realmente Cleomar andava pensando. E como era seu dia a dia.
Angustiado, pela fazenda afora, queria de algum modo poder ajudar. Fazer algo. Saiu pelas ruas em busca de um contato e uma esperança. Não demorou muito, encontrou o que precisava. Uma distração, para ter o que pensar e poder esquecer a história de Santo Padre, que tanto atormentava.
Empenhou uma bandeira de glória e descaso contra as mulheres que não deixavam os pais verem seus filhos. Causa nobre e importante para a região, se bem que não havia muitas coisas desse tipo em Conceção dos Autos. Andava pela praça a procura de informação a respeito de fatos que incorporassem nesse estabelecido resumo de objetivo. Não tardou muito e logo encontrou, não um, mas muitos ocorridos onde famílias estavam sendo destruídas em sua forma mais complexa. Inalterado, de caráter forte, começou campanha pela cidadela à fora. Dizia-se muito entristecido pelo fato. E logo, uma lista com alguns nomes prometia divulgar.
No vilarejo, ninguém dava muita atenção a que Cleomar dizia. Sempre aparecia com uma idéia meio louca que todos já sabiam no que daria. Em nada. Mas desta vez, foi longe demais. Na praça andava de banco em banco conversando com transeuntes e explicava seu trabalho árduo, solicitando uma ajuda moral que fosse:
  • Veja só o que temos aqui. Pai e filho a recrear em banco de praça. Parabéns gente de bem. E você menino que de alegria escancarada em seu rosto, não se pode negar o benefício que é ter mãe e pai presentes a todo instante. E, embora isso seja mais do que corriqueiro, quero lembrar nessa oportunidade, que tem coisas desse tipo que não são bem assim. Existem pessoas, e mulheres em especial que não deixam os pais verem seus filhos. Irônico pode parecer. O varão que tanto trabalhou de cabo de enxada na mão, e agora é renegado ao canto do lar. Sem poder participar do que mais de divino acontece em sua vida. Sem poder estar juntamente presente em ocasião de mais necessidade, definha agonizante em canto qualquer, parecendo ser nada. Quem gera não tem direito de posse sobre criação de ninguém. Alias, não gerou sozinha, teve comparsa para isso, e até indago se na divina hora, não pronunciou as palavras, “pode”. Mas que poder. Que ousadia de santa pessoa que assim se compromete de ação. Não sabe que mal está fazendo. Imagine você, se agora não pudesse estar aqui ao lado de rebento, brincando de saúde em pé e de pé no chão, correndo, pulando, e melhor, sobre seus olhos atentos e de amor carinhoso. Assim meu caro, indago sua filosofia de vida em torno de tamanha descompensação dessa aventura e suplico para que de modo algum deixe em branco a idéia da separação. Logo digo, a separação de outros. E com luta de liberdade, em prol da ingênua criança que de nudez vem ao mundo, nudez de alma e de espírito, sem reboque algum em seu caráter, não merece tal punição de mãe desnaturada, e que já encontrei muitas. Peço seu rogo e sua compreensão.

    Vai lá, conta para os amigos.
    Toda terça-feira e quinta-feira, um novo capítulo.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Capítulo 11

Texto sem revisão. 
Bom senhor, não tardando a perceber o início da confusão, mais do que depressa tomou a palavra e fez do seu discurso algo inesquecível para todos.
  • Caros irmãos aqui presentes. Nesse momento quero consagrar a todos que não mediram esforços para encontrar Ceres e Cleomar na mata do norte desse lugarejo. Muito se diz a respeito do paraíso, mas em cada coração aqui mesmo nessa praça, podemos encontrar nosso éden. Basta para isso darmos as mãos e rezarmos pela Santa alma de Nossa Senhora da Conceição, agradecendo pela glória obtida, e não nos esquecermos de Santa Clara que iluminou nosso caminho. Mas antes de rezarmos unidos pela mesma voz, quero aqui conclamar a presença do motivo desse festejo. Muito se diz de meu nome, mas quem só disse a respeito das luzes de Nossa Senhora e de Santa Clara foram Cleomar e Ceres, que aqui feitas pessoas acanhadas em um canto, largado pela timidez, ainda não foram condecorados como merecem. Quero chamar ambos, para agora de vez em sempre, resolver essa questão em público para não se ter mais dúvida a respeito do ocorrido.
As pessoas citadas pelo Padre encaminham-se para o palanque. Santo Padre abraça ambos, e continua...
  • Povo de Conceção dos Altos. Que aqui é testemunha de fato ocorrido e atribuído a mim, mas que de verdade, não é bem assim. Explico. As duas pessoas estavam exaustas pela caminhada de dias, e pela fome e pelo medo da morte e do Demo, que em seus relatos fica muito evidente. De sorte e de relampejo, saí em direção que ninguém ainda havia tomado. Segui trilha por baixo do penhasco como é de conhecimento de todos. Ali em emaranhado de espinhos e de cipó, é fácil se perder e andar em círculos. E foi isso que aconteceu. Mas com a fome e com a sede, delírios sempre aparecem em forma de pesadelos. O que quero dizer é que quando dormimos na mata, as luzes das velas que levávamos podia ser vista ao longe pela escuridão da noite que se fazia sem lua. Cleomar e Ceres, nada mais viram pela manhã daquele dia, bem um pouquinho antes de amanhecer, do que as luzes dessas velas, e confundiram com milagre. O milagre sim aconteceu, mas não foi esse das luzes, e sim da fé de todo o povo que rezou pelo bem estar de ambos.
Todos pareciam estar chocados com as palavras de Santo Padre.
  • Ainda quero dizer, que milagre não operei nenhum. Quem realizou foram todos vocês.
Cleomar em desacordo com o discurso de seu redentor, não deixou por menos.
  • Santo Padre que a minha vida eu despejo se preciso for, pela sua. Da sua fé não tenho dúvida. Mas, Santo Padre está me chamando de mentiroso?
Interfere Darci Sebastião:
  • Calma Cleomar! Tenho a certeza de que modo de falar de Santo Padre não é de ofensa a sua pessoa e sim de confirmação de seus entendimentos.
Bom de conversa como era, e sem delicadeza nenhuma nos modos, segurou Ceres e Cleomar pelo braço, do mesmo jeito que se dá nó em porco. E continuou:
  • Cleomar presta atenção. Santo Padre quer dizer com seu palavreado bonito de homem estudioso, que você estava em estado de total desespero. E é justamente nesses momentos que as pessoas são atendidas pelos Santos de toda crença.
Vem o padre e diz:
  • Meus queridos, não vamos agora distorcer o que eu estava dizendo. O que disse foi bem claro. As luzes eram as luzes das velas.
Darci:
  • Não entendi, quer dizer que agora alem de chamar Cleomar de gente que não afirma a verdade, vem dizer que estou distorcendo os fatos?
Deorani põe mais fogo ainda:
  • Não se incomode com isso Santo homem de vestes pretas. Querem fazer com sua pessoa a mesma coisa que fazem com todo mundo aqui. Querem que a verdade seja só a que querem, e a de mais ninguém. Santo Padre me perdoe, mas entendi direitinho cada sílaba declarada por sua santa boca. Espero que com isso, não se intimide de vez e vá abaixar a cabeça para essas pessoas que querem dominar a tudo.
Severino intervem:
  • Há, já entendi. Deorani esta de complô com o cervo de Deus pensando que vai assim, conseguir desestabilizar a harmonia que há muito tempo reina em nosso vilarejo. Tenha dó. Que covardia usar assim pessoa de tanta fé.
Deorani:
  • Pois fique sabendo que eu e Santo Padre, desde o sumiço estamos sem falar, não por inimizade, mas pelos fatos ocorridos.
O povo lá embaixo, se deliciava com a discussão. E a festa prometia.
Sentado em um banco meio afastado, Ken assistia também a cena bucólica.
Disse-me certa vez, depois de relatar esse episodio: “não adianta dizer a verdade para quem não quer escutar. As pessoas só ouvem aquilo que querem ouvir. O que satisfaz aos seus egos, e a verdade? Ken sou eu para dizer?”.
Santo Padre:
  • Haaaa...! Severino há alguns dias entrou pela porta da casa de Deus esbravejando feito um touro e me acusando de não ter feito nada para ajudar. Agora me insulta perante todo o povo e espera ter meu apoio? Severino meu filho, vamos acalmar nossos ânimos e nos recolher, que parece que essa noite não está sendo muito feliz para nossos espíritos.
O povo inflamado resolve participar e parece que a situação começa a sair de controle.
Povo:
  • Cadê a fé de Santo Padre?
  • Santo Padre não é Santo.
  • Estão chamando os milagreiros de mentirosos.
  • Queime sua descrença na fogueira.
Não esqueça de avisar os amigos.
Toda terça-feira e quinta-feira, um novo capítulo.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Capítulo 10

Texto não revisado, esccrito no calor da notícia.

Como podem ver, as coisas pareciam que estavam mais calmas, mas o alvoroço da ocasião mal tinha começado. Sem poder confirmar uma história ou outra, as coisas pareciam estar andando para uma página muito perigosa. Ken se divertia com tudo, e de longe sempre acompanhava cada atuação. De certo mesmo, só a deliciosa e espantosa história dos perdidos que a cada dia acrescentavam mais detalhes.
Severino Conceição por admiração e devoção a Santo Padre, resolveu por bem realizar um festejo de honrarias para os perdidos e em especial para o grande servo de Deus que honrando a sua veste, foi o causador do desmanche que tal câncer poderia ter causado. E assim foi feito. Arredado de vontade a festança saiu-se melhor que o esperado. Sábado acabado. Vitória de Crença Padre. E no coreto da cidadela, a música se fazia presente. Gente chegando, falando. E nada dos principais artifícios da festa apresentarem-se para o povo que clamava por mais histórias.
No palanque montado as pressas, subiam cada hora um, e fazia seu palavreado em honraria ao herói Padre. Santo Padre que assim de então era agora chamado, tudo escutava da sacristia, e ficava a implorar por mais um milagre para resolver o problema. Sabia perfeitamente o que havia acontecido. Mas não podia falar. A fé de seu povo estaria sendo colocada a prova. Melhor não dizer a verdade. Mas, também, não dizer mentiras. Omitir meu caro é a palavra.
Neste ínterim, o tempo de Ken estava ficando escasso. Seu fiel companheiro, o adestrador de humanos chineses estava por esperá-lo. Sim, seu belo e grande peixe dourado. Alimentá-lo sempre foi um problema para Ken. Dizia o sábio:
  • Grande e honorável amigo de histórias incontáveis. Mais uma vai ficar sabendo agora. Antes que tenha que partir para alimentar meu grande e demasiado importuno, mas leal amigo dourado. Sempre com uma artimanha escondida debaixo da manga. Chiii... Peixe não tem manga. Mas creio que você entendeu. Antes de retornar para meu escravo lugar, tenho que realizar tarefa quase que impossível para saciar a sede de honorável amigo dourado. Acontece que tenho que encontrar parceira para amigo dourado. Ele muito sozinho. Sem muita coisa para fazer, fica só a pensar em como me dominar. Já estou muito cansado disso. E é hora de admirável comedor de ração encontrar uma outra parte de seu destino. Fui responsável pela sua castração particular. Agora tenho que reparar meu erro, e soltar ilustre peixinho dourado em lagoa de fino trato, para exterminar de vez, o ego de grande amigo. Sim senhor, depois de anos incontáveis de parceria com esse admirável amigo, melhor seria cada um seguir destino que melhor lhe convenha. Sábias palavras vêm do mestre que diz: “enquanto se busca o bem ou o mal, não se está acima de nada disso”. É isso que vim fazer em terras tão distantes. Encontrar um lugar ameno e de segurança para meu amigo de noites intermináveis.
Assim era Ken, parecia escutar a tudo e a todos, mas nem estava para os acontecimentos. Melhor dizendo, participava, entendia tudo, não interferia de modo algum, e principalmente, não estava realmente lá. Ken estava a onde? Quero dizer, estava presente, mas não estava sendo consumido por história nenhuma. Não era parte da história, fazia a sua própria.
E, por falar em fazer história, em cima do palanque todos aproveitavam para tirar uma casquinha. Com a chegada de mais gente e dos convidados principais, Deorani não poderia deixar por menos e foi ao palanque.
  • Povo dessa terra ordeira e quente de amor. Como é quente a igreja de Santo Padre. Igreja essa, que com certeza iluminou a idéia de seu servo para encontrar em trilha obscura o segredo do certeiro paradeiro dos perdidos de Deus. Já era hora de todos saberem a verdade do sumiço. Conversando diretamente com Ceres, fiquei, a saber, do que se tratava. Estavam a caçar santo paraíso perdido de Santa Conceições. Oras vejam vocês. Imaginavam que Severino Conceição, que fala grosso, que todo mundo bem sabe porque, tinha encontrado tal lugar perdido, e tentavam seguir rumo de viagem de Severino para saber se é ou não é.
Ao longe se escuta uma voz muito grossa e firme que diz:
  • Se for ou se não é o que?
Aproximando-se lentamente com andar de manequim, lá vinha Severino de lenço rosa no pescoço. Subiu cada degrau do palanque permanente da praça, como se fossem feitos de mármore italiano. Ouviu alguns risos enquanto se dirigia para o último estágio da escada, parou, olhou para traz com charme e elegância e disparou seu palavreado grosseiro:
  • Segue aqui quem tem algo com isso. Quem não tem que não meta o bico, porque se tiver, vai ter que explicar para mim.
Deorani calou-se por um instante, era mais seguro. Severino olhou firmemente nos olhos daquela criatura que esbravejava palavras contra a sua pessoa. De irritação falava:
  • Bem quero lembrar a todos de que não fui eu que comecei esse balburdio. Tenho muito mais o que fazer, do que ficar a falar da vida alheia. Mas quero dizer, e por isso vim até aqui, que quem se incomoda com isso sou eu e minha família.
Ouviu-se um grito de longe pronunciado por Darci Sebastião.
  • Bem lembrado.
Severino continuava:
  • Caros amigos e amigas. A muito me conhecem e sabem quem sou e o que faço. Assim também, como sabem quem é Cleomar. Qual de vocês aqui estariam dispostos a enfrentar dura jornada com Cleomar? E Ceres? Quem teria coragem para tal. Acham que Cleomar está mentindo? Pode ser o que for, santa pessoa que Deus a de perdoar pelos seus pecados, mas mentiroso, na minha família não tem não.
Deorani interfere:
  • Espera um pouco pessoa desordenada. Quem falou em mentira aqui? Por um acaso deixei sair pela boca palavras que injuriam sua família? Que conversa é essa?
Vem Darci em direção ao palanque feito um jumento desembestado. Sobe os degraus de dois em dois pela pressa. Toma a frente da conversa, e com sua fala macia, aproveita a ocasião para deixar o povo em alvoroço com a chegada de Santo Padre á praça do vilarejo.
  • Casos à parte de qualquer rivalidade, desejo que essa conversa mais do que ninguém acabe um dia de vez, mas parece que agora não é hora e nem lugar, pois Santo Padre, como bem podem ver, está se aproximando deste festejo e esperamos que seja de ordem e harmonia. Nossas diferenças vão ficar para outra hora e vamos dar uma viva a Santo Padre.
E o povo no embalo gritava, “viva Santo Padre, viva, viva” repetidas vezes.

Gostou? Avise os amigos.

Toda terça-feira e quinta-feira, um novo capítulo.