terça-feira, 19 de julho de 2011

Capítulo 14

Texto sem revisão.


Mais tumulto ainda pela cidade. Cercaram a casa onde se escondia e foi custoso acalmar ânimo da multidão.
Desolando-se, Cleomar pensava em uma forma de conquistar a atenção de todos, de maneira a ser mantido o respeito. Sua maior desilusão. Quanto mais fazia parecia mais se afundar.
Ken mais uma vez estava certo. Sabia de tudo mesmo. E contava:
  • Gente de bem, anda de bem, gente de mal, anda de mal. E você honorável amigo, como anda? Anda-se como gente de vila que resumo história aqui, anda mal. E dia sete estava chegando de novo. Dia de nova aventura na mata de Severino. E dessa vez, vai ver como a coisa vai acontecer diferente. Cleomar não quer deixar para trás o fato de Santo Padre ter dito que mentiras eram a da visão de Nossa Senhora da Conceição. Mais uma vez, Cleomar vai tentar seu miraculoso plano de seguir Severino mata adentro. Ah! Acha-se aquela caverna...
Voltando ao caso de Cleomar, devo dizer que era realmente atrapalhado. Tinha atos sinceros e puros. Mas até que ponto. O que sei é que se as pessoas que conviviam com Cleomar, se deixassem envolver em suas histórias, certamente entrariam em confusão. Ou pelo menos em uma ligeira confusão mental. Certa vez, Cleomar estava na sala da casa conversando com Severino Conceição. Junto mais algum amigo. Quem mais falava eram, Severino Conceição, Darci Sebastião. Cleomar estava atento as histórias comoventes. Mas para o espanto de todos, Cleomar levantou de uma cadeira junto à porta e se dirigiu para o meio da sala. Abriu um monólogo mais ou menos assim:
  • Amigos! Cá estou para dizer que corremos perigo. As coisas embora aparentemente estejam sob controle, existe uma grande reviravolta a acontecer. Disso eu sei, e dou crédito, pois somente eu posso desvencilhar as forças do mal e recuperar a integridade lógica de nossa família. O caso é que um monte deles está por querer sujar a todos. Fétidos e desordeiros. Não tem educação e se acham donos da situação. Mas eu sei como lidar com isso e estou preste a desmascará-los. Vou partir sem data de retorno na missão de restabelecer o controle central a um cérebro pensante e amigo. Por isso, não esperem por mim e deixem que o meu destino seja cumprido. Durante todos esses anos estive aqui, às vezes ridicularizado, eu sei, mas sem me abalar. Estou mais forte do que nunca. Nunca estive tão lúcido e estou a partir, sem regresso esperado. Adeus. A glória e a honra me aguardam.
Todos na sala se encontravam em estado de tremenda paralisia cerebral. Sem saber o que estava de certo acontecendo, apenas acompanharam com os olhos a saída de Cleomar em direção ao interior da casa. Viram quando no final de um corredor entrou no banheiro. Pensaram que ele estava se preparando para sua longa e penosa viagem. Mas que viagem poderia ser essa? Do que será que tal pessoa estava falando afinal? Cleomar ao sair do banheiro para o espanto de todos se dirigiu para a sala. Sentou-se de novo na mesma cadeira que antes se encontrava e iniciou um novo monólogo.
  • Tenho a declarar que hoje é um dia de extrema felicidade para mim. Em um ato de heroísmo sem precedentes acabo de eliminar as forças ocultas que estavam por derrubar a nossa família. Agiam pela retaguarda e de surpresa acabei com todos. Deveriam ser de alguma imprensa marrom. Sujos e fétidos estavam na boca do túnel número um prontos para dar um bote fatal. Mas com a minha inteligência coloquei todos para fora com uma única ação. Seres repugnantes. Lá estatelados dentro do vaso sanitário sem forças para moverem-se. Foi uma batalha dura. Mas acabei amolecendo a todos. Marrons idiotas. Mas não se renderam sem antes lançarem sobre minha pessoa um ataque com gases mortíferos. Mas de nada adiantou. E com uma grande explosão em um reservatório de água, acabei por derrotá-los e eliminá-los para sempre de meu caminho com uma enxurrada rio abaixo. Finalmente estamos livres da invasão dos repugnantes. Livres, livres, livres...
Assim era Cleomar. Na sala apenas olhavam para ele sem saber o que dizer.
Mas Cleomar admirava muito Severino. Tudo o que fazia, sempre mostrava. Inclusive uma carta redigida que estava endereçada para o Santo Padre solicitando uma audiência. O conteúdo ninguém até hoje sabe, pois ocorreu o seguinte. Cleomar chamou Severino para uma conversa amistosa. Contou sobre a carta, mas não revelou o seu conteúdo. E pedia para que fosse lida. Severino, meio sem jeito, pois sábia que teria que emitir uma opinião a respeito do assunto, e já conhecendo Cleomar como conhecia, sabia que teria que fazer um comentário não muito elogioso. Negava-se, dizendo que se a carta era para Santo Padre, era ele quem deveria ler primeiro e que isso seria violação de correspondência. Cleomar, pela recusa começou seu discurso agressivo.
  • Está pensando o que. Esta me desprezando por que? Desprezando minha carta? Esta pensando que aqui está escrito um monte de asneiras que não merecem a sua consideração? Arrogante, pedante. Acha-se pessoa tão boa assim? Que humilhação. Meu próprio sangue rejeitando uma simples opinião.
Severino sentindo-se sem jeito, resolveu ler a danada da carta. Mas em vão. Ao declarar finalmente sua intenção, Cleomar dizia:
  • Mas espera ai um pouco. Por que de tanto interesse assim? Xereta. Ta pensando que emburrei? Que não percebi qual é o seu jogo? Esta querendo ler a minha carta por acaso para plagiá-la? Não tem capacidade para fazer nada de bom, e quando alguém o faz, já quer tirar um proveito. Arrogante. Não vai ler não. Vai fuçar a sua vida e vê se deixa a minha em paz. Meu próprio sangue, quem diria.
Dessa forma, pessoa de Cleomar tinha mesmo que ficar de lado na casa. E isso era o que mais incomodava. Tinha que de alguma forma provar que não estava delirando. E tinha que provar isso com Ceres.

Propaganda boca a boca, avise os amigos.
Toda terça-feira e quinta-feira, um novo capítulo.

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