terça-feira, 5 de julho de 2011

Capítulo 10

Texto não revisado, esccrito no calor da notícia.

Como podem ver, as coisas pareciam que estavam mais calmas, mas o alvoroço da ocasião mal tinha começado. Sem poder confirmar uma história ou outra, as coisas pareciam estar andando para uma página muito perigosa. Ken se divertia com tudo, e de longe sempre acompanhava cada atuação. De certo mesmo, só a deliciosa e espantosa história dos perdidos que a cada dia acrescentavam mais detalhes.
Severino Conceição por admiração e devoção a Santo Padre, resolveu por bem realizar um festejo de honrarias para os perdidos e em especial para o grande servo de Deus que honrando a sua veste, foi o causador do desmanche que tal câncer poderia ter causado. E assim foi feito. Arredado de vontade a festança saiu-se melhor que o esperado. Sábado acabado. Vitória de Crença Padre. E no coreto da cidadela, a música se fazia presente. Gente chegando, falando. E nada dos principais artifícios da festa apresentarem-se para o povo que clamava por mais histórias.
No palanque montado as pressas, subiam cada hora um, e fazia seu palavreado em honraria ao herói Padre. Santo Padre que assim de então era agora chamado, tudo escutava da sacristia, e ficava a implorar por mais um milagre para resolver o problema. Sabia perfeitamente o que havia acontecido. Mas não podia falar. A fé de seu povo estaria sendo colocada a prova. Melhor não dizer a verdade. Mas, também, não dizer mentiras. Omitir meu caro é a palavra.
Neste ínterim, o tempo de Ken estava ficando escasso. Seu fiel companheiro, o adestrador de humanos chineses estava por esperá-lo. Sim, seu belo e grande peixe dourado. Alimentá-lo sempre foi um problema para Ken. Dizia o sábio:
  • Grande e honorável amigo de histórias incontáveis. Mais uma vai ficar sabendo agora. Antes que tenha que partir para alimentar meu grande e demasiado importuno, mas leal amigo dourado. Sempre com uma artimanha escondida debaixo da manga. Chiii... Peixe não tem manga. Mas creio que você entendeu. Antes de retornar para meu escravo lugar, tenho que realizar tarefa quase que impossível para saciar a sede de honorável amigo dourado. Acontece que tenho que encontrar parceira para amigo dourado. Ele muito sozinho. Sem muita coisa para fazer, fica só a pensar em como me dominar. Já estou muito cansado disso. E é hora de admirável comedor de ração encontrar uma outra parte de seu destino. Fui responsável pela sua castração particular. Agora tenho que reparar meu erro, e soltar ilustre peixinho dourado em lagoa de fino trato, para exterminar de vez, o ego de grande amigo. Sim senhor, depois de anos incontáveis de parceria com esse admirável amigo, melhor seria cada um seguir destino que melhor lhe convenha. Sábias palavras vêm do mestre que diz: “enquanto se busca o bem ou o mal, não se está acima de nada disso”. É isso que vim fazer em terras tão distantes. Encontrar um lugar ameno e de segurança para meu amigo de noites intermináveis.
Assim era Ken, parecia escutar a tudo e a todos, mas nem estava para os acontecimentos. Melhor dizendo, participava, entendia tudo, não interferia de modo algum, e principalmente, não estava realmente lá. Ken estava a onde? Quero dizer, estava presente, mas não estava sendo consumido por história nenhuma. Não era parte da história, fazia a sua própria.
E, por falar em fazer história, em cima do palanque todos aproveitavam para tirar uma casquinha. Com a chegada de mais gente e dos convidados principais, Deorani não poderia deixar por menos e foi ao palanque.
  • Povo dessa terra ordeira e quente de amor. Como é quente a igreja de Santo Padre. Igreja essa, que com certeza iluminou a idéia de seu servo para encontrar em trilha obscura o segredo do certeiro paradeiro dos perdidos de Deus. Já era hora de todos saberem a verdade do sumiço. Conversando diretamente com Ceres, fiquei, a saber, do que se tratava. Estavam a caçar santo paraíso perdido de Santa Conceições. Oras vejam vocês. Imaginavam que Severino Conceição, que fala grosso, que todo mundo bem sabe porque, tinha encontrado tal lugar perdido, e tentavam seguir rumo de viagem de Severino para saber se é ou não é.
Ao longe se escuta uma voz muito grossa e firme que diz:
  • Se for ou se não é o que?
Aproximando-se lentamente com andar de manequim, lá vinha Severino de lenço rosa no pescoço. Subiu cada degrau do palanque permanente da praça, como se fossem feitos de mármore italiano. Ouviu alguns risos enquanto se dirigia para o último estágio da escada, parou, olhou para traz com charme e elegância e disparou seu palavreado grosseiro:
  • Segue aqui quem tem algo com isso. Quem não tem que não meta o bico, porque se tiver, vai ter que explicar para mim.
Deorani calou-se por um instante, era mais seguro. Severino olhou firmemente nos olhos daquela criatura que esbravejava palavras contra a sua pessoa. De irritação falava:
  • Bem quero lembrar a todos de que não fui eu que comecei esse balburdio. Tenho muito mais o que fazer, do que ficar a falar da vida alheia. Mas quero dizer, e por isso vim até aqui, que quem se incomoda com isso sou eu e minha família.
Ouviu-se um grito de longe pronunciado por Darci Sebastião.
  • Bem lembrado.
Severino continuava:
  • Caros amigos e amigas. A muito me conhecem e sabem quem sou e o que faço. Assim também, como sabem quem é Cleomar. Qual de vocês aqui estariam dispostos a enfrentar dura jornada com Cleomar? E Ceres? Quem teria coragem para tal. Acham que Cleomar está mentindo? Pode ser o que for, santa pessoa que Deus a de perdoar pelos seus pecados, mas mentiroso, na minha família não tem não.
Deorani interfere:
  • Espera um pouco pessoa desordenada. Quem falou em mentira aqui? Por um acaso deixei sair pela boca palavras que injuriam sua família? Que conversa é essa?
Vem Darci em direção ao palanque feito um jumento desembestado. Sobe os degraus de dois em dois pela pressa. Toma a frente da conversa, e com sua fala macia, aproveita a ocasião para deixar o povo em alvoroço com a chegada de Santo Padre á praça do vilarejo.
  • Casos à parte de qualquer rivalidade, desejo que essa conversa mais do que ninguém acabe um dia de vez, mas parece que agora não é hora e nem lugar, pois Santo Padre, como bem podem ver, está se aproximando deste festejo e esperamos que seja de ordem e harmonia. Nossas diferenças vão ficar para outra hora e vamos dar uma viva a Santo Padre.
E o povo no embalo gritava, “viva Santo Padre, viva, viva” repetidas vezes.

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Toda terça-feira e quinta-feira, um novo capítulo.

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