quinta-feira, 28 de julho de 2011

Capítulo 16

TExto sem revisão.

Assim é, como é. A noite avançava pelas horas da madrugada e gente cada vez mais agitada entrava e saída de algumas casas. Capitão Serere veio em busca de notícias de Severino. Em diálogo com Darci dizia:
  • Meu caro, acho que já sabe por que estou aqui. Notícia ruim corre demasiadamente rápido, e como me sinto no dever de tentar apaziguar as famílias me disponho a interferir e não permitir que abuso nenhum seja tomado por parte de quem quer que seja.
  • Muito bem Capitão, tenha a certeza da minha total cooperação. Eu, melhor do que ninguém sei dos riscos que Severino está correndo. Não quero o pior. Quero também a mansidão da situação.
  • Pois bem, já falei com outros três cabras de minha confiança que já estão em vigília pelas casas de sua família e de Deorani.
  • Deorani? Vixit... Mas pensei que fosse...
  • Pensou? Veja bem, o critério é mais do que certo. Quem mais pode ser?
  • Bem, pensando assim, acho que deve ser certo mesmo, mas estava crente de bom agouro que Deucídio fosse mais indicado.
  • Nossa, é mesmo. Até esqueci. Mas para isso está mais do que fácil. Deucídio tem caminho certo para vilarejo. Se entrar e atravessar para trilha do Penhasco da Morte, não tem como não passar por povoado. Já está pego se for o safado.
  • Meu Deus desse mundão de Santa Clara. Será que isso vai mesmo acontecer?
  • Com certeza tanta, de que isso é mesmo o mais certo de se fazer, que estou fazendo.
Viram agora o que estava por acontecer. E Ken estava mais estimulado ainda do que nunca e aproveitava para fazer explanação de como era o povo.
  • Honorável amigo que mais prefere o branco da camisa a botões dourados. Nunca vi de verdade, mas em terra de onde vim contam que na planície de Qin Chuan, existem coisas que não foram feitas pelo homem. Engraçado dizer isso, se até hoje apenas homens vejo construir coisas. Mas, conta à lenda de que gente vinda de estrelas distantes construíram mais de cem pirâmides. Essa gente seria os antigos imperadores que segundo antigos manuscritos se diziam descendentes dos “filhos do céu", que estrondosamente desceram a esse planeta em seus dragões de metal ardente. Isso é o que dizem no centro da China, morrotes e mais morrotes a perder de vista. Mas está lá, jogada a própria sorte. E não tem homem que possa escavar ou estudar o que lá existe. Governo diz não poder. Ser de interesse apenas da história passada da China e pronto. Assim é o povo, basta uma notícia qualquer para de fato virar história mais do que mal acabada. E digo isso para ressaltar que antes desse polvorinho todo, houve sim outro fato ainda mais interessante sobre a opinião do povo. Cidade, meu bom amigo, era levada a vela e óleo, que gentilmente a família de Severino e Darci traziam de longa distância e doavam para o povo queimar virando luzes para seus casebres. De benefício em benefício, tinham a admiração de todos. Acontece que quando da enraizada deslocada de Cleomar em relação à lista das famílias em desastre de Nossa Senhora da Conceção, o povo se indignou de forma a querer satisfação tirar com Cleomar e com quem mais que fosse. Julgando o povo de imediato seus atos, achou por melhor por hora não enraivar Severino e família. Deles dependia o óleo da cidadela. Mas, dia de confusão, morreu touro de procriação de Darci que de gado gostava muito. Não se sabe de que. Ao certo, de morte morrida mesmo. O povo, assim não entendeu, e comentava-se pelos cantos do território todo que alguém em desespero de causa, e querendo de intimação amedrontar a família, tirou a vida do animal por vingança de seu nome estar em lista falsa de Cleomar. Veja só, caro escrevedor de caneta em punho, o povo é mesmo bem interessante. Acontece também que todo carregamento de óleo para a fazenda vinha de longa distância e de dia marcado. E justo no dia de entrega de óleo, atrasou por ser de carro de boi e bois estarem muito cansado, precisavam parar para beber e dormir, se bem que esse bicho de certo que não tem muita necessidade disso. Com a reserva de óleo a mingua, cidadela quase ficou toda na escuridão. Diziam os entendidos de que isso era uma represaria de Severino em contra partida da reação do povo na questão da lista de Cleomar. Era para todos sentirem a mão de ferro e pesada de Darci. Que nada. Tudo boataria. Mas o povo era assim mesmo. A família nem soube de tal boato, e preocupada com óleo de carro de boi que não chegava, mandou mensageiro em riba de cavalo quase que alado para ver se trazia notícias favoráveis a respeito de assunto de tanta importância. Depois de algum tempo, com a calmaria do povo, chegou o óleo e Severino e Darci são de novo endeusados. Assim é o povo. Faz suas próprias histórias, conforme lhe convém. E quando alguém de suposto respeito chega a trazer notícia, verdadeira ou não, povo toma como verdade e luta se preciso for pela honra suposta de notícia criada a bem da verdade ou da mentira. Depende de quem cria honorável amigo. Por isso tem na sua mão uma grande tarefa de empenhar essa história de forma certa. Não precisa ser certa, mas de modo verdadeiro. Alias, hihihi... Verdade e certeza são a mesma coisa?
Ken tinha muita segurança na caneta que eu carregava. Sabia por certo que meu estilo era certeiro, mas sabia também, que como todo bom terreno dormente, não conseguiria manter o mesmo dialeto por toda a narrativa. Era deverás interessante e longa a história para se manter toda uma mesma linha. E acredito, que essa era mesmo a sua intenção. De hora em tempo, cada vez, falava de jeito diferente. Hora para confundir meus pensamentos já sem imagem alguma, ora para esclarecer fatos que ainda não compreendia. Esse era Ken. Podia e fazia. Contava sempre estar atento a tudo, em todos os lugares. Mas como poderia ser isso? E nessa noite mais do que alucinante, de vento em pé de morro soprando como vendaval desmerecido, a manhã não tardava a iniciar seu cintilante ondular de luzes. Essas por sua vez, espalmadas e comprimidas por nuvens carregadas pelo vento forte que jurava trazer tempestade. Justo agora. Tanto tempo de seca, e nesse dia em especial, temporal armava pela encosta?
Severino de equipamento costumeiro em punho, saiu de sua residência, como sempre fazia, bem cedinho. Rumava finalmente em direção do esperado e do que mais sempre fazia. Nada notou na saída da cidadela. Andando pela trilha do norte, seguia de passo firme com lindo lenço rosa em volta do pescoço, que de hora em hora, usava para tirar o suor da testa. Mesmo de dia feio, abafado estava. E prometia. Passou pela entrada do Penhasco da Morte nada notando. Deorani estava a sua espera. Deu alguns minutos e saiu em sua empreita. Darci e Capitão avistaram ao longe Deorani amoitado. Esperaram e seguiram Deorani. Mais atrás vinha Deucídio que por sua vez avistou Darci e tratou de seguí-los também, meio de longe. Os capangas do Capitão estavam bem nos calcanhares de deucídio. Mas não tinham como avisar. Tinham que seguir de rumo certo em busca de momento oportuno para tentar dar a volta e avisar o Capitão.
Dia escuro. Nuvens, vento e tempestade formando. Esse era o quadro que parecia estar de certo acontecendo. 

Propaganda boca a boca, avise os amigos.
Toda terça-feira e quinta-feira, um novo capítulo.

2 comentários:

  1. gostei do seu blog, e da suas histórias
    não li todos os capítulos, mas esse achei bem legal
    parabéns!!!

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